As nuvens, os Açores e as alterações climáticas

Eduardo M. V. Brito de Azevedo / imagens de Diana Coelho
#Booklet of clouds

…o que vou dizer destas nuvens, deste céu?

Garcia Lorca

O que vou dizer sobre as nuvens? Ainda que correndo o risco de ser mal interpretado, não resisto a começar por dizer que as nuvens são... água (quase tudo) e cloreto de sódio..., como as lágrimas no poema de António Gedeão. E não estarei longe da verdade – salvaguardadas as devidas proporções, naturalmente. De facto, as nuvens são essencialmente constituídas por uma infinidade de pequenas gotas de água líquida (ou cristais de gelo) em suspensão na atmosfera1, formadas por condensação sobre pequenos núcleos de poeira, frequentemente de sal marinho, designados por núcleos de condensação (CCN, Cloud Condensation Nuclei)2.

Permitam-me também adiantar que a importância das nuvens está intrinsecamente associada às extraordinárias propriedades da água. Para além do seu papel enquanto elemento essencial à vida – não fora esta ter evoluído com base nesse componente –, a água determina em larga medida as propriedades da atmosfera, das quais resultam as condições do estado do tempo bem como as singulares características do clima do planeta Terra.

Neste contexto, as nuvens desempenham um papel decisivo em todos os processos atmosféricos relacionados com o clima: ora porque são uma óbvia e importante componente do ciclo hidrológico, redistribuindo a água sobre o planeta; ora porque no seu processo de formação e dissipação permitem a transferência de enormes quantidades de energia sob a forma de calor latente3; ora, ainda, porque actuam como filtro selectivo para as radiações electromagnéticas, num e noutro sentido, regulando assim o balanço energético planetário.

Acontece porém que, apesar de toda a importância que as ciências atmosféricas atribuem às nuvens, estas são dos sub- sistemas climáticos menos conhecidos e dos pior representa- dos nos actuais modelos numéricos da previsão do estado do tempo e da simulação climática. Num contexto de alteração climática, as respostas dos diferentes sistemas de nuvens às mudanças nas concentrações dos gases com efeito de estufa, e às alterações da composição do aerossol4 atmosférico, constituem as principais fontes de incerteza que limitam a previsibilidade e fiabilidade dos cenários do clima futuro da Terra.

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Não admira, por isso, que o estudo das nuvens seja hoje um dos temas mais actuais nos domínios da física da atmosfera e da climatologia. São várias as iniciativas internacionais que se dedicam a esta temática em locais tão distantes como a Antárctida ou os mais remotos enquadramentos oceânicos.

Também os Açores estão envolvidos nesse esforço científico: uma vez mais devido à sua privilegiada posição geográfica para o estudo das interacções entre o oceano e a atmosfera; mas também como resultado do nosso interesse ancestral pelas ciências atmosféricas e do mar. Sobre isso falarei mais à frente.

Comecemos então pelo princípio…

Como se formam as nuvens?

A atmosfera contém apenas cerca de 0,001% do total da água existente no planeta, a qual pode subsistir nesse meio sob a forma líquida, sólida ou gasosa.

Quando na forma de vapor, a água tem de partilhar o espaço disponível com os restantes elementos do ar na proporção que as suas características termodinâmicas e a sua pressão par- cial5 o permitirem. No entanto, ao contrário de outros constituintes da atmosfera que ocorrem numa proporção relativa- mente constante, o vapor de água é um elemento com uma concentração variável – e diminuta, quando comparado com alguns dos outros componentes – representando apenas cerca de 0,25% da sua massa total. Deste modo, a quantidade de vapor de água que num determinado momento existe na mistura atmosférica é limitada pela disponibilidade desse elemento, bem como pelas leis da termodinâmica.

Visto de uma forma simples, a máxima quantidade de vapor de água que uma determinada massa de ar pode conter – traduzida na equação de Clausius-Clapeyron6 como pressão máxima de vapor, ou pressão de vapor saturante – é controlada não linearmente pela temperatura. Em condições de pressão atmosférica constante, e verificando-se variações da temperatura, altera-se de forma directa (mas não proporcional) a quantidade máxima de vapor de água que o ar pode admitir.

De qualquer forma, apesar do ar apresentar condições para conter uma determinada quantidade de vapor de água, não quer dizer que a contenha. Diz-se então que há deficit de pressão de vapor. É, aliás, a relação entre a quantidade de vapor de água que de facto o ar contém e a máxima que pode conter que serve para estabelecer o valor da conhecida variável meteorológica humidade relativa do ar (conceito muito divulgado, de fácil compreensão empírica e percepção sensorial).

Nestas circunstâncias, e para a mesma quantidade absoluta de vapor de água na atmosfera, se a temperatura da mistura aumentar, verifica-se uma descida da humidade relativa do ar. Se, pelo contrário, aquela baixar, é a humidade relativa que agora sobe até que, a uma determinada temperatura, a quantidade de vapor de água que o ar contém iguala a máxima que o mesmo pode conter. A esta “determinada” temperatura dá-se o nome de “temperatura do ponto de orvalho”.

Ora, se por qualquer razão a temperatura do ar continuar a descer abaixo da “temperatura do ponto de orvalho”, a quantidade de vapor de água remanescente é obrigada a passar ao estado líquido – ou sólido, em determinadas circunstâncias –, desde que na presença de uma superfície de contacto.

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Junto ao solo, este fenómeno é bem conhecido através dos fenómenos de ocorrência do orvalho e das geadas sobre as superfícies que entretanto arrefeceram ao longo da noite – normalmente por perda de energia por radiação – ou pelo embaciamento das nossas janelas quando a temperatura dos vidros baixa por contacto com o ar mais frio do exterior.

No seio da atmosfera, o processo de condensação do vapor de água verifica-se em torno de núcleos de condensação (CCN, Cloud Condensation Nuclei) na sequência de mecanismos que conduzem ao arrefecimento das massas de ar7 abaixo da temperatura do ponto de orvalho, formando-se assim as nuvens.

E é exactamente sobre estes pouco conhecidos componentes da atmosfera, os CCN, geralmente formados por poeiras minerais, partículas de fumo, cristais de sódio, etc. – que no seu conjunto fazem parte do aerossol atmosférico – que está agora concentrada a atenção de uma larga comunidade científica um pouco por todo o mundo. Designadamente tentando perceber melhor as implicações resultantes dos processos microfísicos associados à sua natureza e diversidade (figura 1), os quais acabam por influenciar as propriedades das nuvens a que dão origem. Sobretudo quando a natureza e propriedades destes componentes está a mudar significativamente por acção do Homem.

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As nuvens e o balanço energético da Terra

A atmosfera, no seu conjunto, funciona como um filtro selectivo que regula o balanço energético planetário, interpondo- se entre o fluxo de energia solar de curto comprimento de onda que atinge a Terra, e o fluxo de energia térmica de longo comprimento de onda emitida pela superfície do globo em direcção ao espaço. Esta capacidade selectiva da atmosfera, que decorre da natureza dos seus constituintes e do tipo de radiação electromagnética que a atravessa, é, como sabe- mos, designada por “efeito de estufa” (por comparação com as conhecidas estruturas que funcionam como perfeitas armadilhas para a energia)9. Em larga medida, é desta capacidade da atmosfera, num contexto astronómico específico de proximidade entre a Terra e o Sol, que resultam as características do clima do nosso planeta num determinado enquadramento temporal.

Ora, em todos estes processos a água assume diferentes graus de importância conforme o seu estado físico e níveis de ocorrência na atmosfera.

Quando na forma de nuvens, a capacidade da água em alterar as propriedades de transmissividade10 da atmosfera revela-se um importante mecanismo de reflexão de uma fracção de energia de curto comprimento de onda que é enviada de volta ao espaço (albedo11). Por outro lado, e dependendo da sua densidade ou do nível em que ocorrem, as nuvens constituem uma importante barreira e acumulador da energia térmica emitida pela superfície do planeta em direcção ao exterior.

No entanto, o contributo dos diferentes tipos de nuvens na regulação do balanço energético planetário resulta da conjugação de vários factores, tais como: do enquadramento sinóptico12 em que ocorrem, da sua extensão geográfica, da sua altitude, da sua espessura, bem como das características microfísicas que determinam as suas propriedades ópticas, radiantes e termodinâmicas.

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Neste contexto, as nuvens baixas sobre os oceanos subtropicais (estratocúmulos marinhos), que ocorrem na espessura atmosférica da Camada Limite Planetária Marinha13 – designa- da em meteorologia por MBL (Marine Boundary Layer) –, assumem particular importância pela sua extensão geográfica e elevado albedo, bem como pelo facto de confinarem a energia da radiação de onda longa emitida pela superfície terrestre às camadas mais baixas da troposfera14, contribuindo assim para uma assimetria térmica mais significativa em altitude.

Acontece porém que, devido à sua baixa espessura óptica, bem como às baixas concentrações de CCN de fundo desses ambientes, os sistemas de nuvens baixas marinhas (MBL clouds) são particularmente sensíveis à quantidade e propriedades físicas do aerossol que as alimenta. Por exemplo: quando muitos núcleos de condensação estão disponíveis, as gotas das nuvens tendem em ser menores mas mais nume- rosas, contribuindo desta forma para uma maior reflexão da luz solar (maior albedo).

Esta evidência corrobora a teoria do “Twomey effect” a qual atribui à poluição de origem antropogénica (gases de escape, fumos, poeiras, etc.) um efeito importante sobre a regulação da temperatura na Terra –, já que o incremento de partículas em suspensão na atmosfera contribui para o aumento de núcleos de condensação, aumentando assim a quantidade e a densidade das nuvens a que dão origem. Esta circunstância conduz a mais radiação reflectida para fora da atmosfera, mas tem também efeitos sobre a capacidade de armazenamento térmico atmosférico.

É então assim que um melhor conhecimento sobre as nuvens – designadamente sobre as características e propriedades dos pequenos CCN, da microfísica a que estão associados, bem como da composição e condições do aerossol em que ocorrem –, assume particular importância científica nos dias de hoje. Em particular, tendo em vista uma melhor representação e integração destes mecanismos nos modelos numéricos que simulam o estado do tempo e o clima futuro da Terra. Sobretudo porque os modelos actuais discordam substancial- mente na magnitude do efeito das nuvens no comportamento do sistema climático, e a generalidade deles sofre de um problema designado na gíria meteorológica de “too few, too bright” (muito pouco, muito claro).

De facto, quando um modelo subestima a quantidade de nuvens na atmosfera (too few) permite (simula!) que mais radiação solar alcance a superfície, o que conduz a uma sobrestima da energia integrada no sistema. Quando, pelo contrário, o modelo sobre avalia a quantidade de água líquida em suspensão na atmosfera torna-se “muito claro” (too bright), simulando uma maior componente de radiação solar reflectida para o espaço, sonegada assim ao balanço energético planetário.

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Os Açores e a recente investigação sobre as nuvens

Entre 2009 e 2011, e com elevado grau de sucesso científico, teve lugar uma campanha de 18 meses de recolha de dados a partir de uma estação móvel do programa ARM17, localizada nas imediações do Aeródromo da ilha Graciosa. Esta iniciativa teve como propósito cumprir os objectivos do projecto Nuvens, Aerossol e Precipitação na Camada Limite Planetária Marinha (CAP-MBL – Clouds, Aerossol and Precipitation in the Marine Boundary Layer)18.

Uma vez mais, os resultados desta campanha demonstraram que os Açores dispõem da mistura ideal de condições para o estudo das interacções entre as nuvens marinhas, o aerossol e a precipitação; designadamente porque se localizam numa zona onde é possível identificar com mais clareza a natureza e origem do aerossol atmosférico que contribui para a nuclearização das nuvens.

Para além desta vantagem, o arquipélago situa-se numa zona geográfica de transição de nuvens do tipo estratos para nuvens de desenvolvimento mais vertical do tipo cúmulos, em resposta às condições crescentes de instabilidade proporcionadas pelas águas mais quentes da faixa intertropical.

O sucesso do projecto CAP-MBL resultou em grande parte da disponibilidade de uma plataforma fixa no meio do oceano – como é o caso da ilha Graciosa que, devido à sua pequena dimensão e baixa altitude, pouco interfere com os fenómenos que se pretendem medir –, mas também da capacidade técnica e científica recrutada localmente.

Do êxito desta campanha resultou então uma proposta apresentada ao programa ARM pelo Centro do Clima, Meteorologia e Mudanças Globais da Universidade dos Açores (C_CMMG), em coordenação com o Governo Regional dos Açores, de transformar a estação móvel numa estrutura fixa e com carácter permanente. O que veio a acontecer, materializando-se na actual “Eastern North Atlantic (ENA), Graciosa Island ARM Facility”, em funcionamento contínuo desde 2013.

A ENA passou assim a fazer parte do grupo restrito das 3 estações fixas do programa ARM (Eastern North Atlantic; North Slop of Alaska; Southern Great Plains), as quais integram a mais recente tecnologia de observação meteorológica e de processamento climático19. Para além destas, o programa mantém estações e campanhas móveis em várias partes do Globo20, incluindo poderosos meios aéreos e navais, que funcionam como plataformas científicas em diferentes enquadra- mentos geográficos21.

A apoiar todas as ideias e hipóteses em estudo e validação no contexto dos programas das diferentes campanhas científicas, surgem as tecnologias mais modernas instaladas na Eastern North Atlantic, Graciosa Island – ARM Facility; sendo que algumas são testadas ainda em fase de protótipo.

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Para além de toda a instrumentação de caracterização dos parâmetros meteorológicos de superfície22 disponíveis na ENA, destacam-se as tecnologias de medição do aerossol atmosférico23, uma bateria de radiómetros para a medição de todo o espectro electromagnético solar e todo o balanço radiactivo planetário24, bem como tecnologias de avaliação tridimensional da dinâmica e termodinâmica da coluna atmosférica baseada em instrumentos de detecção remota tais como radares e lidares (radio detection and ranging and light detection and ranging)25.

Um radar de banda X26, destinado ao acompanhamento dos fenómenos da precipitação, complementa a informação recolhida pelos radares de banda K27 e W28 que medem a configuração e as propriedades microfísicas das nuvens. Um sistema de Micropulse e Doppler Lidar associado ao radar de vento em altitude (wind profiler), complementam as várias radiossondagens feitas ao dia através do lançamento de balões meteorológicos que atingem altitudes superiores a 35 km.

De toda esta panóplia instrumental, mantida nas mais rigorosas condições de funcionamento e calibração por cientistas29, engenheiros e técnicos especificamente treinados para o efeito, resulta um espólio científico da mais elevada qualidade30 que é disponibilizado gratuitamente a toda a comunidade científica internacional.

E é então assim que, apesar de todo o desenvolvimento tecnológico no domínio das ciências atmosféricas, incluindo os extraordinários desenvolvimentos na detecção remota através de satélite, se prova que nada substitui a experimentação directa e a proximidade do Homem aos fenómenos que pretende estudar e medir.

É também assim que os Açores retomam o seu lugar no mundo das ciências atmosféricas, reassumindo a sua vocação universal no Atlântico, tal como preconizavam Albert I do Mónaco e Afonso Chaves31 na sua visão de um “Service Météorologique International des Açores”, cuja pertinência e actualidade se mantém pela urgência que a questão climática assume nos dias de hoje.

Eduardo Manuel Vieira de Brito de Azevedo
Engenheiro, Doutor em Ciências do Ambiente e Professor Associado da Universidade dos Açores da área das Ciências da Atmosfera. Gestor da “Eastern North Altantic (ENA), Graciosa Island ARM Research Facility”, financiada pelo DOE dos EUA e operacionalizada pelo Los Álamos National Laboratory.
Promotor do Centro de Estudos do Clima Meteorologia e Mudanças Globais, actualmente Grupo do IITAA da UAc. Co-promotor do Observatório do Ambiente dos Açores e membro da respectiva Direcção.
Promotor e gestor da rede de observação da agitação marítima dos Açores. Autor e co-autor de artigos científicos (SCOPUS ID: 6603239456). Promotor de vários projectos de onde se destacam os CLIMAAT (Clima e Meteorologia dos Arquipélagos Atlânticos) e o ProAAcXXIs (projecção das AC nos Açores para o século XXI). Membro da equipa do SIAM_II e autor da metodologia utilizada para a espacialização da climatologia dos arquipélagos portugueses (modelo CIELO, Clima Insular à Escala LOcal). Responsável pela Estratégia Regional para as Alterações Climáticas. Membro da Academia de Marinha. Agraciado pelo Presidente da República Portuguesa com o grau de Comendador da Ordem da Instrução Pública.

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Diana Coelho
Nascida a 1987, denomina o conceito de Performance como um acto de dar forma; fazer cumprir, e é neste campo de assume a direcção de projectos transdisciplinares com utilização do próprio corpo como ferramenta para a objetivação conceptual. Trabalhou até à data com diferentes nomes das artes performativas e foi distinguida em 2012 com o prémio de melhor actriz, em Guimarães Capital da Cultura. O percurso artístico tem vindo a revelar um crescente interesse pela obra que se materializa além da presença física do performer - Kairos, WhiteProject e Nuvens, foram apresentados nacional e internacionalmente, entre 2013 e 2017, como instalação-vídeo, áudio e fotografia. Na linha de trabalho focada na educação pela arte e integração da vida na criação de objectos artísticos destaca UMBIGO - Teatro minimal para a infância poética (2014), que realizou com a sua filha a partir dos 3 meses de idade e, Empatheia (2015) criada com o grupo de pares da associação de apoio a traumatizados crânio-encefálicos, Novamente. No percurso de trabalho de Diana Coelho há palavras que se repetem e, provavelmente, irão continuar a repetir-se: instinto, emoções e afectos. Corpo, voz, peso e matéria/imateria.


*Artigo publicado na revista de cultura Atlântida, vol. LXIII, 2018 do Instituto Açoriano de Cultura.

**Imagens da Exposição/instalação “Nuvens - a way to immateriality”, da artista Diana Coelho, integrada no Isto é Arte!  patente na galeria do Instituto Açoriano de Cultura de 23 de Março a 3 de Maio de 2019

***Agradecemos a cortesia na cedência do artigo e das imagens, aos respectivos autores e ao Instituto Açoriano de Cultura

****Texto escrito de acordo com a antiga ortografia


Notas de rodapé:

1 Suspensas na atmosfera devido ao seu diminuto peso que as impede de cair, até se dissiparem novamente por evaporação ou terem atingido a dimensão que as faz vencer o atrito e precipitar na forma líquida ou sólida sobre a superfície da Terra.

2 (CCN, Cloud Condensation Nuclei) linguagem meteorológica que utilizaremos neste trabalho.

3 Calor latente – quantidade de calor que uma unidade de massa de uma substância necessita ou cede para mudar de fase.

4 Aerossol – partículas sólidas ou líquidas em suspensão num gás (0,001- -100mm).

5 Lei de Dalton: “Numa mistura gasosa ideal de n componentes, o comportamento de cada componente é independente dos demais, e cada uma ocupa todo o volume disponível, implicando que a pressão total seja igual à soma das pressões parciais de cada componente”.

6 Relação termodinâmica entre a entalpia de vaporização molar e a derivada da pressão de vapor de saturação em relação à temperatura.

7 O arrefecimento das massas de ar no seio da atmosfera pode resultar de diferentes mecanismos, designadamente por ascensão e mistura ao longo das superfícies frontais, ascensão por efeito da orografia, ascensão como resultado de movimentos de convecção, ou, ainda, por contacto com superfícies mais frias.

9 As estufas deixam entrar sem grande dificuldade a energia solar de curto comprimento de onda que sobre elas incide mas não deixam sair a energia de longo comprimento de onda emitida pelas superfícies no seu interior.

10 Transmissividade – fracção do fluxo incidente sobre um sistema que consegue atravessá-lo

11 Albedo – quantidade (normalmente avaliada em percentagem) de radiação solar reflectida por uma superfície.

12 Sinóptica – ocorrência (ou observação) simultânea de um conjunto de fenómenos numa vasta zona do globo.

13 Camada Limite Planetária – é a porção mais baixa da atmosfera, de altura variável, cuja média aproximada é de 1 km, e que é directamente influenciada pela natureza e fenómenos à superfície.

14 Troposfera – Camada mais baixa da atmosfera que se localiza entre a superfície e uma altitude variável, cuja média planetária é de 12 km, e onde se concentra aproximadamente 75% da massa atmosférica e 99% do vapor de água.

17 ARM Atmosferic Radiation Mesurements http://www.arm.gov/ – O pro- grama ARM é uma iniciativa de âmbito internacional do gabinete de Ciência do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE) que tem como objectivo o estudo de parâmetros relevantes para a melhoria da modelação climática em diferentes enquadramentos geográficos, em particular a modelação do clima futuro da Terra. O programa é operacionalizado através de vários laboratórios dos EUA, incluindo o “Los Alamos National Laboratory – LANL”, e é contratualizado internacionalmente através de parcerias técnicas e científicas com várias instituições em várias partes do mundo. A extensão do programa aos Açores contou localmente com o apoio institucional do Governo Regional e com a colaboração científica e operacional do Centro de Estudos do Clima Meteorologia e Mudanças Globais (C_CMMG) da Universidade dos Açores.

18 Wood, R. et al. – “Clouds, Aerosol, and Precipitation” in The Marine Boundary Layer 2015: An ARM Mobile Facility Deployment. Bull. Am. Meteorol. Soc. – https://journals.ametsoc.org/doi/10.1175/BAMS-D-13-00180.1

19 As instalações da ENA foram recentemente escolhidas como base logística e de treinamento dos técnicos – a maioria recrutados localmente – que dão apoio a instalações e campanhas ARM em diferentes partes do mundo, em locais tão diversos como McMurdo na Antárctida, Vale do Ganges na Índia, ilha da Ascensão no Atlântico Sul, ilha Macquarie no oceano Antárctido. Presentemente, a ENA é responsável pela operação da AMF_1 (ARM Mobile Facility) a operar em Calamuchita na Argentina. Está em curso a preparação de duas próximas campanhas no oceano Árctico e na vertente norte da Noruega.

20 Ainda recentemente, tirando novamente partido da localização geográfica da ENA e da respectiva capacidade tecnológica, realizou-se uma mis- são específica designada por “Aerosol and Cloud Experiments” in Eastern North Atlantic (ACE-ENA), cuja campanha de Verão teve lugar de Junho a Julho de 2017, sendo posteriormente complementada numa campanha de Inverno ao longo dos meses de Janeiro e Fevereiro de 2018. Esta missão, que juntou na Praia da Vitória 30 cientistas e técni- cos de diferentes nacionalidades e de diferente laboratórios de investigação das ciências atmosféricas, foi operacionalizada a bordo de um avião Gulfstream-159 que operou a partir da Base Aérea n.o 4 nas Lajes, beneficiando da colaboração e apoio técnico e logístico da Força Aérea Portuguesa que disponibilizou e adaptou instalações para o efeito.

21 Ver: http://www.arm.gov/sites

22 Sistemas de monitorização do estado da atmosfera na camada limite planetária, incluindo instrumentação meteorológica de superfície (boundary layer cloud system, total sky imager, weighing bucket rain gauge, total precipitation sensor, eddy correlation flux measurement system, and disdrometer).

23 Instrumentação de medição do aerossol atmosférico (Hygroscopic Tandem Differential Mobility Analyzer, Aerosol Chemical Speciation Mass Spectrometer, Cavity Attenuated Phase Shift Particle Extinction Monitor, carbon monoxide/nitrous oxide/water gas-phase monitor, car- bon dioxide/methane/water gas phase monitor, and Ultra-High Sensitivity Aerosol Spectrometer).

24 Bateria de radiómetros (atmospheric emitted radiance interferometer, microwave radiometer, 3-channel microwave radiometer, multifilter rotating shadowband radiometer, pyranometer, pyroheliometer, pyrgeometer, and blackbody calibration system).

25 Sistema de Radares e Lidares (Lidars–both the micropulse lidar and Doppler lidar; Radars, including the zenith cloud radar, scanning cloud radar, scanning precipitation radar, and radar wind profiler).

26 A banda X é a designação para uma faixa de frequências na região na faixa de microondas do espectro electromagnético. Em alguns casos, como na engenharia da comunicação, a faixa de frequência da banda X é definida entre os 7,0 e os 11,2 GHz.

27 A banda K é uma porção do espectro de radiofrequências na faixa de microondas que variam entre 18 e 27 GHz. A banda K entre 18 e 26,5 GHz é facilmente absorvido pelo vapor de água (H2O pico de ressonância de 22,24 GHz, 1,35 cm).

28 A banda W é uma porção do espectro de radiofrequências na faixa de microondas que variam entre 75 a 110 GHz, comprimento de onda de 2,7 a 4 mm.

29 As condições de funcionamento de cada equipamento são acompanha- das em permanência por um cientista “mentor”, especialista na matéria, cuja responsabilidade é garantir a maior fiabilidade nos dados registados.

30 Os dados registados são submetidos a rotinas de validação e controlo de qualidade por diferentes laboratórios internacionais especializados nas matérias em apreciação.

31 Tavares, Conceição (2009) – Albert I do Mónaco, Afonso Chaves e a Meteorologia nos Açores – Sociedade Afonso Chaves. Ponta Delgada.