Sou (quase) tudo isso

Paulo Mendes
#Walkman

Fomi 47, Simentera: Emociono-me sempre a ouvir essa música. Retrata um período de fome que assolou Cabo Verde, em 1947. Mas é uma música que me dá sempre a esperança de que com trabalho e sacrifício conseguimos sempre sair da escuridão.

Luciano Pavarotti, Nessun dorma: A primeira vez que ouvi essa música com a atenção devida foi em Chicago, nos Estados Unidos. Numa pequena loja – do tipo de discos perdidos – uma senhora sozinha, na casa dos 70 anos, estava praticamente colada à vitrina da loja e emocionada a ouvir Pavarotti a interpretar Nessun Dorma. Fiquei discretamente a ver a senhora e a ouvir a música e depois perguntei-lhe porque estava tão emocionada. A resposta dela: tudo o que é belo faz-me emocionar. A mim também.

Jacques Brel, Ne me quitte pas: “Eu te oferecerei as pérolas da chuva vindas de um país onde não chove”. Bonito, não? Um verdadeiro hino ao amor.

Louis Armstrong, What A Wonderful World: Em dias menos bons, essa música é um autêntico hino à vida… de coisa simples… tipo ver o azul do céu (nos Açores isso é difícil, mas temos o verde das árvores)

Edith Piaf, Non, je ne regrette rien: Gosto do desapego ao passado e de não gosto de atitudes de permanente arrependimentos; e vibro com o hoje e mais ainda com o futuro.

Vinícius de Moraes, Carta ao Tom 74: Adoro Bossa Nova e o Brasil; e tinha de escolher uma música… um exercício difícil.

Amy Winehouse, Valerie: Invariavelmente danço ao ouvir esta música da Amy.

Manuel Costa, Ilhas de Bruma: Quando somos migrantes fazemos um pacto definitivo para a partilha de quem somos. Depois desses anos, orgulho-me de dizer que nas minhas veias corre, também, o basalto negro.

Cesária Évora, Cabo Verde Terra Estimada: É a nossa Cize… são os nossos dez grãozinhos de terra no meio do mar.. é parte de mim e toca-me a alma sempre que a ouço… saudades da nossa Cize de Cabo Verde.


Ouvir a playlist aqui.

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Paulo Mendes nasceu em Cabo Verde e está nos Açores desde 1997.
Formado em Sociologia, tem uma pós-graduação em Ciências Sociais e está para terminar o doutoramento em Sociologia.
Criou a Competir – Açores – Formação e Serviços e a Competir Cabo Verde – Formação, unOffice; fundou a AIPA – Associação dos Imigrantes nos Açores e foi o seu o primeiro presidente. Em 1998, recebeu o prémio da Gulbenkian de “Imigrante Empreendedor do Ano”.
É Vereador da Câmara Municipal de Ponta Delgada.
Para complicar as pertenças culturais, a mulher é da Lituânia, a filha Veronika é micalense e o Gabriel (que está a caminho) será também micaelense.