Disponibilizamos o dossiê das fases de seleção e de pré-seleção da candidatura de Ponta Delgada – Azores 2027 a Capital Europeia da Cultura.

Descobre o futuro que imaginámos coletivamente, um futuro de transformação através do poder da cultura e das artes.



A CIDADE E A REGIÃO 

Os Açores, descobertos por portugueses em 1427, são uma região autónoma com um sólido historial cultural e geoestratégico. A cidade de Ponta Delgada faz parte deste arquipélago, situado entre os continentes europeu e americano. Se for fortalecido sob o ponto de vista cultural, social e económico, este arquipélago pode ser o melhor embaixador dos valores da Europa no caminho marítimo para as Américas. Podemos ser o melhor dos espelhos e laboratórios. Tal como os 27 Estados-Membros, nove ilhas mais unidas na diversidade, em busca de coesão através de uma Cultura própria e aberta ao mundo.

Ponta Delgada foi acompanhada neste gesto de todo o arquipélago, assumindo que são as diferenças internas que tornam os Açores uma região culturalmente poderosa, com os seus agentes culturais e artistas. É a partir deste Arquipélago de Pessoas que propomos um programa com diferentes escalas de ativação, do evento mais pequeno ao maior, interligando o urbano e o rural, a terra e o mar, e estimulando a cooperação inter-ilhas e dentro de cada ilha. 

Este projeto quer apresentar os Açores à Europa através de um cartaz artístico e cultural, que alia uma Natureza transcendente e preservada à valorização da Geografia, da História e da criatividade como elementos fundadores de uma identidade cada vez mais plural e diversa. Partiremos da cidade para o concelho, da ilha para o arquipélago, do arquipélago para o continente, do continente para o mundo e tornar-nos-emos um Arquipélago Europeu da Cultura.

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CONCEITO

Natureza Humana é o conceito da candidatura de Ponta Delgada – Azores 2027 a Capital Europeia da Cultura. Natureza quer dizer lugar. Humana designa a sua Cultura. A cultura de um lugar feito das relações entre Natureza e Cultura, Geografia e História, pela paisagem vibrante, pela proximidade cultural com as Américas, pela riqueza das nossas tradições e pela nossa capacidade de nos mantermos abertos ao mundo como um autêntico laboratório vivo de experimentação e inovação.

Somos o que somos em virtude do lugar onde nos encontramos. Agora, precisamos de valorizar o nosso sentido de Humanidade e de respeito pela Natureza como um só. Trata-se de um apelo à compreensão e à empatia entre humanos e não-humanos, tudo o que compõe a nossa Natureza. 

O projeto é sobre uma cidade, uma ilha e um arquipélago — vários até — porque a Europa é um arquipélago. Num mundo em que emerge a recusa da solidariedade, a metáfora do arquipélago é o modelo alternativo ao pensamento global, baseado no intercâmbio entre ilhas, que não causa a perda de identidade, mas antes a enriquece, através de um movimento de convergência e unidade.

Propusemos, por isso, um programa cultural transinsular, onde as pessoas são as protagonistas, e a Natureza é palco e lugar de reflexão. Quisemos desenvolver novos públicos, ocupar o espaço digital, dar espaço a novas vozes e novos lugares. Apelámos à participação, cocriação, comunicação e colaboração e adotámos o território como um recreio, uma academia e um palco. Através da Cultura, procurámos repensar o mundo em que queremos viver, recuperar o nosso sentido de humanidade e transformar os Açores num Arquipélago de Pessoas.

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VISÃO ARTÍSTICA 

Criámos quatro linhas de programação. Cada linha é um arquipélago: Criatividade, Participação, Natureza e da Europa e do Mundo. Todos os arquipélagos são interligados e complementares, e contam uma narrativa da Europa, do Oceano Atlântico, dos Açores e de Ponta Delgada. Trata-se de uma narrativa de sustentabilidade social, cultural e ecológica que aborda temas e valores europeus em torno de questões centrais da atualidade e do futuro dos Açores.

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Arquipélago da Criatividade

O Arquipélago da Criatividade mostra um ecossistema cultural e artístico vibrante e reforça a sua capacidade cultural ao procurar a profissionalização e sustentabilidade através da cooperação e diálogo com outros sectores económicos. A intenção é a de criar interações com a investigação académica, inovação tecnológica, turismo, empresas e o setor da saúde, impulsionando a economia criativa no centro da cidade e nas zonas rurais. Criatividade, neste arquipélago, une as singularidades e as narrativas de uma região culturalmente fragmentada. Equilibra escalas de intimidade cultural com experiências coletivas que ocupam toda a ilha. Este é não só um contributo para promover e atravessar barreiras criativas entre o urbano e o rural, como também a possibilidade de criar mais trabalho e locais de apresentação para os Sectores Culturais e Criativos.

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Arquipélago da Participação

O Arquipélago da Participação é sobre o direito ao acesso às práticas culturais e artísticas e a oportunidades de capacitação. Queremos ultrapassar obstáculos físicos, económicos, sociais e intelectuais e reavivar o sentido europeu do coletivo através da compreensão mútua, da interseccionalidade social, da democracia cultural e da representação e identificação das diferentes comunidades com a Cultura. Visamos criar “caixas de ferramentas” para desenvolver novos públicos, envolver comunidades diversificadas em projetos culturais, não como meros espectadores mas como participantes que assumem as rédeas das suas iniciativas e narrativas e dos seus lugares de fala. O conhecimento é o principal legado da CEC, pelo que queremos reforçar o setor cultural e criativo nas suas dimensões técnicas e artísticas.

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Arquipélago da Natureza

O Arquipélago da Natureza aborda a nossa ligação ao mundo natural com uma visão insular, arquipelágica e europeia de desenvolvimento sustentável. A Natureza que nos rodeia é o nosso bem maior. Ela não é separada de nós, nós pertencemos-lhe. Neste arquipélago, a transdisciplinaridade leva as práticas artísticas para a Natureza e traz de volta as questões ambientais para o mundo das artes. Os projetos exploram a relação entre Ciência e Cultura, valorizam ideias transformadoras para o turismo criativo e cultural, medem os impactos do homem na paisagem, repensam a paisagem à luz das boas práticas de sustentabilidade, abordam não só as ameaças das alterações climáticas e a questão das monoculturas, mas também contribuem para a valorização do nosso património natural, em terra ou no mar.

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Arquipélago da Europa e do Mundo

O Arquipélago da Europa e do Mundo é sobre a nossa História, o nosso local de partida e chegada, o nosso eterno retorno. A nossa História da Europa, do Atlântico, de Portugal e dos Açores, uma História de sobrevivência e confronto com os elementos da Natureza e as nossas múltiplas extensões, casas e ligações comunitárias no planeta. A partir deste centro atlântico, apresentamos projetos que realçam a História dos Açores no imaginário dos Europeus, desde expedições marítimas a fluxos migratórios com destino às Américas e ao Mundo. Começamos com o nosso património imaterial e o nosso património subaquático para explorar o poder do nosso legado e das nossas tradições na música, literatura e gastronomia, conferindo-lhes uma dimensão experimental, através de um intercâmbio cultural com a Europa, e com a nossa diáspora em vários continentes do mundo.

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O DOSSIÊ DE CANDIDATURA

O dossiê da fase de seleção da candidatura de Ponta Delgada - Azores 2027 a Capital Europeia da Cultura (CEC) responde a 44 questões e a seis critérios de avaliação: Contribuição para a Estratégia Cultural a Longo Prazo, Conteúdo Artístico e Cultural, Dimensão Europeia, Desenvolvimento de Públicos, Gestão e Capacidade de Execução.

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A versão em inglês é a versão oficial. Pretendemos, em breve, partilhar também uma versão portuguesa, por questões de acessibilidade. O documento agora publicado foi entregue ao júri internacional a 21 de outubro de 2022. O conteúdo cultural e artístico aponta a amplitude das linhas estratégicas de desenvolvimento deste projeto de CEC. 

Disponibilizamos aqui as versões em português e em inglês dos dossiês de candidatura das fases de pré-seleção e de seleção. Ponta Delgada foi, juntamente com Aveiro, Braga e Évora, pré-selecionada de entre 12 cidades portuguesas: Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Funchal, Oeiras, Ponta Delgada, Vila Real e Viana do Castelo. Na fase de seleção, o júri deliberou que o título de Capital Europeia da Cultura em 2027 seria entregue a Évora. Os relatórios do júri das duas fases do concurso podem ser encontrados aqui.

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