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Vamos em frente com a coragem do nosso amor

Nos últimos dias couberam várias vidas.

Depois de meses de preparação, recebemos, na sexta-feira, a visita de uma comitiva composta por quatro membros do júri do programa de Capital Europeia da Cultura, um membro da Comissão Europeia e um representante do GEPAC (Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais do Ministério da Cultura).
Do Parque do Terra Nostra ao Miradouro de Santa Iria, passando pelo Arquipélago, antes de rumar à vaga, o caminho encheu-se de pessoas que humanizam a nossa natureza e que celebram a nossa cultura de lugar. Já na cidade, o centro, o Quarteirão, o Museu Carlos Machado e o Coliseu Micaelense mostraram o pulsar e a centralidade deste lugar ultraperiférico. Nos interlúdios, as viagens de autocarro foram povoadas por todas as ilhas, que trouxeram um oceano de emoções.
Gente de todo o lado preencheu o dia com histórias de todo o tipo, e mostrou como a Cultura é permeável a tudo. Houve risos, lágrimas, abraços e cumplicidade, que culminaram numa bonita festa.

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Fizemos a festa, atirámos os foguetes…
E, mesmo sem tempo, corremos atrás das canas para preparar o passo seguinte. Depois de termos criado um festival de um dia para uma comitiva de seis pessoas, fechámo-nos no fim de semana a preparar a apresentação ao júri, que aconteceu na terça-feira, em Lisboa. A equipa que fez o dossiê de candidatura – o António, a Diana, o João, a Patrícia, a Inês, a Rita e o Pedro –, o presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Pedro Nascimento Cabral, e as embaixadoras da Terceira e de São Miguel Vanessa Canto e Joana Borges Coutinho condensaram em 45 minutos o que não cabe em nenhum de nós. Fizemo-lo trazendo uma coisa maior que a vida à escala humana, à escala de cada uma das dez pessoas que ali estava, e que encontrou em cada bocado do dossiê de candidatura um bocado de si também. E como somos todos também este lugar, fomos cagarros, criptomérias, areia, sementes, bombas vulcânicas, lapas, ananases, cogumelos, água do mar e relva. Fomos Natureza Humana.
Depois da apresentação, uma hora e um quarto de perguntas e respostas serviu para clarificar as intenções da proposta.

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Ponta Delgada – Azores 2027 não será Capital Europeia da Cultura
Na altura em que esta newsletter segue, já a larga maioria dos seus leitores sabe o desfecho. A candidatura de Ponta Delgada – Azores 2027 não terá a oportunidade de se materializar. Évora foi a cidade selecionada pelo júri para receber o título de Capital Europeia da Cultura.
A decisão foi tomada depois da apresentação e da visita, dois dos elementos de avaliação, mas, acima de tudo, com base no dossiê de candidatura que cada cidade elaborou. Em Janeiro, o júri divulgará um relatório de avaliação das quatro cidades finalistas – Ponta Delgada, Aveiro, Braga e Évora.
O nosso dossiê de candidatura será disponibilizado no nosso site na próxima sexta-feira.

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Capital Portuguesa da Cultura
O anúncio da próxima Capital Europeia da Cultura veio acompanhado de uma novidade, trazida pelo Ministro da Cultura – Portugal passará a ter, anualmente, uma Capital Portuguesa da Cultura, uma medida que permite apoiar a cultura destes locais, e que louvamos.
A iniciativa será ‘inaugurada’ por Ponta Delgada, Aveiro e Braga. Esses três municípios receberão o título até 2027, entre 2024 e 2026. Depois, e a partir de 2028, o título de Capital Portuguesa da Cultura será alvo de concurso.
Quando é que Ponta Delgada será Capital Portuguesa da Cultura? Ainda não sabemos. Também não sabemos como e quando é que essa decisão será tomada, nem o que é que isso significa.
Temos recebido algumas questões nesse sentido e importa esclarecer que a missão desta equipa foi a de criar uma candidatura a Capital Europeia da Cultura. Uma Capital Portuguesa da Cultura, à qual o Governo da República alocou dois milhões de euros, é todo um outro projeto que, atempadamente, será comunicado e clarificado pelo Município de Ponta Delgada, em articulação com os outros municípios e o Estado português.

Mas não ficamos por aqui…

A equipa está agora num momento de reflexão. Estamos a processar o que se passou. A perceber os próximos passos, em conjunto com o Município, e a forma como a auscultação, que esteve na base deste processo, pode ser continuada como legado do processo de candidatura. Temos projetos em andamento, como o 9 Bairros ou o Mão em Mão, e queremos dar continuidade à Academia Humana.
Felicitamos Évora pela conquista deste título. Damos também os parabéns às cidades de Aveiro e Braga pelo trabalho desenvolvido até aqui.
Agradecemos a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a construção desta candidatura. A partir do município de Ponta Delgada foi criada, num raro momento de cooperação arquipelágica, uma parceria com todos os municípios da região. A todos os concelhos e a todas as ilhas, agradecemos o apoio. A todas as instituições dos Açores que criaram parcerias com este projeto e que acreditaram nele, o nosso grande obrigado. A todos os artistas, agentes culturais, empresários, académicos, e a todas as mais de 1.500 pessoas com quem falámos neste processo, agradecemos profundamente a generosa partilha e criação. Apenas com o contributo de toda a gente se pode construir um projeto tão extenso, abrangente e humano.
Esta candidatura foi criada pela vontade de um Movimento Cívico, de cerca de 800 pessoas. Essa mobilização sempre foi o maior trunfo da candidatura, e vai continuar a ser um importante vetor de dinamização e avanço cultural na região.
É com essa ideia de união que terminamos o texto que não queríamos ter de escrever. Porque VALEU A PENA! Como no dossiê de candidatura, fechamos com as palavras do compositor e artista de spoken word britânico Alabaster dePlume que tocou no Coliseu Micaelense em abril de 2022: estamos prontos para ir em frente com a coragem do nosso amor.