Como se faz o Azores 2027

António Pedro Lopes
#Crónica

Faz-se com uma equipa base de quatro pessoas, quatro nomes. Por ordem alfabética: António, Carolina, Gina e Nuno. Fazem direção artística, produção executiva, comunicação, participação e desenvolvimento de públicos. Juntaram-se para fazer este projeto, vindos dos Arrifes, Rabo de Peixe, Lajes do Pico e Angra do Heroísmo.

Além desses nomes, juntam-se outros. Outro Nuno, o Sérgio, o Luís, o Hugo e o Miguel, que afinam a dimensão criativa e comunicacional do projeto. O Paulo trabalha afincadamente para construir a casa e articulá-la com o mundo. O Nelson trata da sua dimensão financeira. O Ulrich e a Pia afinam connosco o conceito e as linhas de programação. A Ana, a Marta e o Miguel juntam informações, mapeiam artistas e instituições, auscultam, conversam e criam as condições para se criar um Plano Estratégico de Cultura com um horizonte de 10 anos. A Margarida edita e coordena os 9 Bairros e aproxima as ilhas num espaço só, como se tratasse de uma grande cidade europeia. Nas nove ilhas, há nove embaixadores. Pessoas-ilha com nome próprio, anjos da guarda, altifalantes, cuidadores do futuro e espalha mensagem para as suas comunidades locais: o Roberto em Santa Maria, a Maria João em São Miguel, a Sara na Terceira, a Neuza na Graciosa, a Gabriela nas Flores, a Andreia no Corvo, outra Andreia em São Jorge, o Pedro no Faial e o Terry no Pico.

Mas há mais. Todos os 19 municípios da região são parceiros, o Governo dos Açores é copromotor e tem um papel fundamental através da Cultura, Turismo e Transição Digital, e, claro está, a Câmara Municipal de Ponta Delgada, que é a líder de projeto, que inaugura e guia este movimento. O José, o Nuno, o Ricardo e a Sra. Presidente integram uma Comissão de Honra com mais de 50 personalidades do Universo Açoriano e um Conselho Consultivo para acompanhar e dar voz à população no processo de candidatura.

© Vera Marmelo
© Vera Marmelo

Juntamos ainda 50 nomes da cultura, do turismo, da educação, do ativismo social que, ainda em maio, partilharam coletivamente a imaginação para se conhecerem mutuamente, problematizar os desafios do presente e do futuro próximo e imaginarem soluções criativas que pudessem contribuir para o projeto. Muitos interessados e curiosos têm esgotado todas as Portas Abertas. Já para não falar dos vários agentes da cultura, artistas, instituições culturais dos Açores, da Letónia, da Europa, Estados Unidos, líderes de ex-Capitais Europeias da Cultura, responsáveis por outras cidades candidatas de Portugal, de Braga a Faro ou ao Funchal, cidades que não venceram, mas que se viram para sempre transformadas. Pessoas, muitas pessoas que temos contactado diariamente e que trazem ideias e muito desejo de pôr o pensamento num amanhã melhor.

Fazer o Azores 2027 é um trabalho em progresso, uma montanha-russa, um processo emocionante. Um processo de participação que vale por si e que vale a pena, além de qualquer competição. Um trabalho de equilíbrio, entre o retiro e reflexão de um pequeno grupo e uma conversa aberta que traz todos os dias alguém novo, uma nova voz, outra pessoa, outra instituição. O projeto é de união e cooperação – fazemos pontes e iniciamos conversas. A cultura serve de cola para pensar um futuro melhor, mais articulado e mais sustentável, e é um catalisador de reflexão sobre desenvolvimento social, económico e territorial. É uma corrida e um grande desafio, é certo. Mas a cultura é o investimento necessário e o exercício importante para fazermos parte de um todo sem muros que una tradição e contemporaneidade, educação e cidadania, arte e natureza, este lugar e estas histórias, as nossas gentes e a sua mundividência, esta geografia e o mundo todo. Azores 2027 faz-se, por isso, para e com pessoas, mãos vazias e ouvidos abertos. Açorianos e açorianas de todas as proveniências. No bilhete de identidade, no coração ou no imaginário. Uma âncora no presente e uma asa no futuro. De uma cidade para uma ilha, para uma região rural e marítima.

Tentando, falhando, tentando de novo, falhando melhor. É assim que o fazemos. Será assim todos os dias, até 23 de novembro – dia de entrega das 60 páginas que levam o nosso sonho de capital europeia da cultura. Porque isto é nosso e isto é para nós: todos, todos, todos.