
Nina Cecília Mendonça Silveira
lha de onde é natural ou onde reside
Naturalidade: Ilha das Flores, Santa Cruz das Flores
Residência: São Miguel, Ponta Delgada
Profissão
Estudante
Faz – ou fez – parte de alguma associação, coletividade, banda filarmónica, etc.? O que a levou a envolver-se?
Fiz parte de um grupo de ballet, em criança, durante cerca de cinco anos. Como tinha apenas três anos de idade, fui inscrita pela minha mãe, contudo comecei a ganhar um certo gosto pela dança e, por isso, continuei até à partida da ilha da professora de dança responsável por este grupo.
Qual a sua memória preferida ligada a um evento cultural em que tenha participado/ a que tenha assistido? Porquê?
Relativamente às memórias que guardo relacionadas com eventos culturais, destaco as peças de teatro do Grupo de Teatro Florentino “A Jangada”, às quais assisto desde que me lembro. Este grupo, fundado na década de 1970, na ilha das Flores, passou, posteriormente, por um período de inatividade. Contudo, a partir de 1999 são retomadas atividades regulares, com a chegada de um novo encenador, Joaquim Salvador, que, até hoje, se desloca de Portugal continental às Flores, propositadamente, para a realização dos primeiros ensaios e, depois, para a estreia de cada peça. Ao longo destes anos, o elenco tem sido composto por alguns elementos fixos, mas, também, por um elenco flutuante, ao qual vão aderindo, principalmente professores ou outros funcionários públicos colocados nas Flores, por cerca de um a três anos. É, no entanto, a capacidade de atração, aproximação e conquista de um público muito fiel que chega, mesmo, a esgotar salas, com o mesmo espetáculo, durante uma semana inteira, que é, para mim, a maior marca da Jangada. Esta situação resulta, sobretudo, da vasta oferta cultural que este grupo possui e que se estende a todas as idades, desde os mais pequenos, com as peças de teatro infantil, aos mais graúdos, com as comédias, revistas à portuguesa, dramas e espetáculos de rua. Por todas estas razões, julgo que num meio tão pequeno e isolado, como é a ilha das Flores, “A Jangada” merece, sem dúvida, um lugar de distinção.

Sente-se ligada à cultura nos Açores? De que forma?
Embora não faça, de momento, parte de nenhuma associação ou coletividade cultural, sinto-me ligada à cultura, mas do ponto de vista de espetadora. Além disso, estou a terminar uma Licenciatura em História e Percurso em Património Cultural e pretendo, também, prosseguir estudos com o Mestrado em Património, Museologia e Desenvolvimento, na Universidade dos Açores, já que, ao longo do meu percurso académico, estas questões patrimoniais, museológicas e culturais me começaram a despertar um maior interesse.
Considera a cultura importante para a Região? Porquê?
A cultura é um pilar de importância fundamental para a Região Autónoma dos Açores e para o mundo, em geral. Em 1982, a UNESCO definiu a cultura como o “Conjunto de características distintas, espirituais, materiais, intelectuais e afetivas que caracterizam uma sociedade ou um grupo social. Abarca, além das artes e das letras, os modos de vida, os sistemas de valores, as tradições e as crenças.” Assim, podemos concluir que se trata, de facto, de um conceito muito vasto e complexo, mas de uma importância central, pois é a cultura que define quem somos, que nos molda enquanto seres humanos inseridos numa determinada sociedade ou grupo social e que, por isso, nos torna únicos. Daí que, no contexto da nossa Região seja fundamental promover a importância das nossas raízes culturais, afirmando a identidade cultural do povo açoriano e garantino a preservação da nossa memória coletiva, bem como a sua transmissão às gerações futuras.
Como vê o futuro da cultura na sua ilha e na Região? O que a faz ser otimista/pessimista?
Em relação ao futuro da cultura, tanto ao nível da minha ilha como ao nível da Região, o que me faz sentir pessimista é a falta de investimento, tanto do Governo Nacional como Regional, em relação ao setor da cultura. Por outro lado, o que me faz sentir otimista é a vontade e resiliência de um conjunto de pessoas que, apesar de todas as adversidades e dificuldades com que se deparam diariamente continuam a “remar contra a maré”, esforçando-se por manter viva esta dimensão cultural, tão importante para o futuro da nossa Região.